Orai sem cessar (1Ts 5.17)
Quando o nome de Deus é invocado –
quando o chamamos pelo modo como ele se revela, pelos seus atributos,
fazemos um reconhecimento, para nós mesmos, nossa própria consciência,
que Deus é Deus. Ele é Deus acima de tudo e de todos. Ele reina,
governa, exerce domínio. Na oração Deus é reconhecido como Pai, como
provedor, como protetor, como refúgio, segurança, direção, bússola,
âncora. Deus é chamado perdoador, clemente, misericordioso, bondoso e
amor. E a oração é um milagre. Pense nisto: O Deus vivo, criador dos
Céus e da terra, ouve as palavras, os múrmurios e até os sentimentos e
impressões dos seres humanos. Mais ainda, ele atende. Ele intervém. Cedo
na vida cristã aprendemos o valor da oração. A oração envolve todo o
ser do adorador. Envolve a alma, a emoção, os sentimentos, o intelecto.O
apóstolo Paulo diz para a jovem igreja em Tessalônica que esta deveria
orar. E orar sem cessar. O que quer dizer isso? Como assim, sem cessar?
Aquelas pessoas estavam lidando com perdas, sofrimento e incertezas.
Paulo recomenda a oração. Elas estavam lidando com a morte a incerteza
do que a morte trazia. Paulo diz a eles que deviam orar sem cessar. Mas
como alguém pode orar sem cessar?
Isto pode fazer referencia à
perseverança na oração. Eles estavam tão assoberbados, tão exaustos e
perturbados com os dramas de suas vidas e com as lutas, que talvez
poderiam esquecer de buscar a direção de Deus. Paulo já havia falado
sobre o valor de se perseverar na oração, como vemos em Romanos 12.12.
Assim, Paulo está lembrando os tessalonicenses que nossa adoração a
Deus, nossa comunhão com Deus não pode ser comprometida por
circunstâncias. Mas, ainda mais do que se lembrar de orar, Paulo traz a
ideia de que a oração deve ser algo constante na experiência do cristão.
Ele usou essa mesma expressão no começo da carta, em 1.2 quando disse
que “sem cessar, faz menção deles mesmos diante de Deus”. Em Romanos
1.9, Paulo diz aos romanos que “incessantemente” faz menção deles em
oração, diante de Deus. Em Efésios 6.18 Paulo mesmo orienta os cristãos
de Éfeso a orar o tempo todo no espírito. Isto é um convite de Paulo
para o cristão tornar suas lutas seus motivos de oração. A oração não
precisa (e nem deve) ser aquela coisa mecânica, repetitiva, sem vida ou
sempre solene. Jesus critica os fariseus que oravam para ser vistos
pelos homens. A oração pode ser como nos salmos. Mais de 60 dos salmos
são orações, ou, como alguém já disse, “escola de oração”. Neles vemos o
orante dizendo para Deus o que está sentindo, o que está vendo e como
está vendo as coisas. No fim, ele afirma seu amor a Deus, sua confiança,
mas também expressa suas dúvidas, temores, tristezas e incertezas.
Orar sem cessar é tornar as questões do
dia a dia seu motivo de oração. É viver “coram Deo”, face a face diante
de Deus, de modo que, na medida que o dia passa, as questões com as
quais você lida são colocadas naturalmente diante de Deus. Suas dúvidas,
dilemas, lutas, vitórias e fracassos, coisas pequenas e coisas
grandiosas, são colocadas diante de Deus, como um desabafo, como um
confronto até, reverente, humano, uma busca por direção, consolo e
auxílio. Em todo tempo.
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