Jeremiah Bass
Mentira Um: O Pecado Traz Realização
Não existe um pecado que não seja influenciado por essa
racionalização. Pensamos que o pecado nos torna mais felizes. Mas, na
realidade, o pecado é a causa principal de toda a miséria e
infelicidade, tanto nesta vida como na vida por vir. Morte, doença,
desavenças, guerra, fome, vício (de qualquer espécie), famílias
desmanteladas, ódio, dor, sofrimento e uma miríade de outros males, tudo
isso encontra a sua origem no pecado. Não havia nenhuma dessas coisas
antes que o pecado tivesse entrado no mundo, e quando os céus e a terra
forem recriados em justiça, também lá não estarão (Ap 21.2-4).
O pecado contradiz diretamente o propósito para o qual nós fomos
criados, e jamais seremos felizes num tal estado. Bem no âmago da nossa
humanidade, Deus nos fez com o desejo de buscá-lo (At 17.24-28), de
aprender os seus mandamentos (Sl 119.73) e de servi-lo com alegria (Sl
100.1-3). A Escritura mostra com muita clareza que a alegria e a
satisfação vêm somente do Senhor (Sl 16.11). Nunca seremos
verdadeiramente felizes até que realizemos o propósito de Deus para as
nossas vidas.
Isso deveria ser evidente, já que Deus é a fonte de todas as
bênçãos, tanto naturais quanto espirituais. Como o doador é maior do que
o dom, é razoável supor que a nossa alegria em Deus deveria ser maior
do que a nossa alegria pelos dons. É uma afronta a Deus encontrar maior
satisfação nos seus dons do que nele próprio. Fazendo isso, estamos
trocando o Criador pela criatura.
É muito importante lembrarmos que o pecado pode oferecer somente
prazer temporário (Hb11.25). A satisfação do pecado não só não dura,
como também sempre acaba em miséria maior ainda (1 Jo 2.17). Portanto, a
questão verdadeira é: queremos prazer temporário ou alegria duradoura?
Mentira Dois: O Pecado é Facilmente Derrotado
Uma das coisas em que o diabo quer que acreditemos, a fim de que a
nossa vigilância diminua, é que o pecado não é um inimigo perigoso. Mas
a Bíblia nos ensina que o pecado é tão poderoso que, a menos que o
poder sobrenatural de Deus intervenha, nós nos tornamos seus escravos e
permanecemos sob a escravidão das suas ordens (Jo 8.34). Embora nascidos
de novo, a depravação é uma força poderosa dentro de nós, como
testemunha o apóstolo a respeito da sua própria experiência (Rm
7.14-25).
O que complica o assunto é que o pecado é enganoso (Hb 3.13); nem
sempre aparenta ser mau. O escritor de Hebreus faz referência ao pecado
"que tenazmente nos assedia" (Hb12.1). Por essa razão, a Bíblia nos
ordena a tomarmos muito cuidado com o pecado e a lutarmos com força
contra ele. Paulo disse que esmurrava o seu corpo e o mantinha sob
controle a fim de não ser reprovado (1 Co 9.24-27). Em outro lugar,
comparou a vida cristã a uma batalha (2 Tm 2.3). Para derrotar o pecado,
precisamos estar armados para a guerra (Ef 6.10-20). John Owen deu o
seguinte conselho sábio: "Mate o pecado ou o pecado matará você... Não
existe um dia sequer em que o pecado não derrote se não for derrotado, e
não prevaleça se não for subjugado; e assim será enquanto vivermos
neste mundo."
Mentira Três: Você Pode Lidar com o Pecado Sem Recorrer a Cristo
O perigo desta mentira é que ela leva à frustração e ao
desespero. Infelizmente, muitas pessoas que aceitam esta mentira
descobrem que não podem competir em condições de igualdade com a
depravação que existe dentro delas e, por isso, desesperançadas,
desistem de lutar contra o pecado.
Quando o evangelho é apresentado no Novo Testamento, o foco é
sempre na obra de Cristo e na paz com Deus que encontramos nele (2 Co
5.17-21). A Bíblia exorta as pessoas a primeiro abraçarem a Cristo e, só
depois disso, a buscarem a santidade. O evangelho não é um simples
apelo a um viver moral e, sim, a uma transformação sobrenatural. Ninguém
é capaz de vencer o pecado separado de Cristo e do Espírito Santo (Rm
8.13). Deus não é honrado quando tentamos remediar a nossa situação
pecaminosa sem a sua graça, por isso é inimaginável supor que Deus irá
abençoar um sistema de justiça produzido pelo próprio homem.
Mentira Quatro: É Impossível Atingir os Padrões de Deus
É uma tendência humana culpar as circunstâncias ou as outras
pessoas pelos nossos escorregões no pecado. Preferimos pensar que,
diante das circunstâncias, seria impossível deixar de pecar. Queremos
pensar dessa maneira porque alivia as nossas consciências e nos isenta
de responsabilidade quando pecamos. Afinal de contas, como Deus pode nos
responsabilizar por aquilo que é impossível?
Há um sentido em que a santidade de Deus, de fato, representa um
padrão impossível para a humanidade pecadora. Quando os discípulos
ouviram Jesus explicar o custo do discipulado para o jovem rico,
perguntaram: "Então, quem pode ser salvo?" (Lc 18.26). Jesus respondeu:
"O que é impossível para os homens é possível para Deus" (v.27).
Portanto, é um erro fundamental desculpar-se do comportamento
pecaminoso, já que Deus prometeu graça para obedecer a quem o busca pela
fé.
Não existe pecado que não possamos vencer nem tentação que não
possamos resistir pela graça (1 Co 10.13; 2 Co 12.9; Fp 4.13). Deus
quebra o poder do pecado na nossa conversão. Este é o ponto focal de
Paulo no sexto capítulo de Romanos: estamos mortos para o pecado;
portanto não precisamos viver nele (vv.1-2). A graça de Jesus remove a
carga pesada da obrigação de guardar os mandamentos de Deus (1 Jo 5.3).
Mentira Cinco: Você Não Precisa Tratar com o Pecado Imediatamente
Procrastinação é um pecado do qual todos nós somos culpados e a
respeito do qual temos costume de brincar. Mas a demora nas coisas
espirituais pode ser fatal. A Bíblia nos diz que "agora é o tempo
favorável, agora é o dia da salvação" (2 Co 6.2). E o escritor de
Hebreus, citando o Salmo 95, exorta-nos a ouvir hoje a voz de Deus (Hb
3.7,13,15).
Por que isso se torna tão necessário? Primeiro, quanto mais o
pecado permanece em nós sem que haja arrependimento, mais difícil será
nossa mudança, devido à força do hábito. Quanto mais acalentamos um
desejo pecaminoso ou uma atitude errada, mais o pecado ficará entranhado
na nossa natureza. Será menos e menos notado. Terá um lugar mais
permanente nas nossas afeições. A nossa resistência a ele irá se
tornando cada vez mais fraca.
Segundo, é necessário porque a conseqüência maligna do pecado
começa a fazer efeito no momento em que consegue entrada na alma. Foi
somente um leve toque na arca que matou Uzá, e é somente uma simples
brincadeira com o pecado que pode matar a alegria espiritual e os frutos
nas nossas vidas.
Mentira Seis: Posso Pecar Sem Sofrer Conseqüências
"Se eu pecar, nada de mal vai realmente me acontecer." Não
pensamos assim, às vezes, especialmente se o pecado é "pequeno"? É
espantoso observar os multiformes enganos do diabo neste assunto. Por um
lado, ele convence as pessoas de que não existe um verdadeiro inferno e
que, portanto, não faz mal pecar. Por outro lado, para aqueles que
acreditam no inferno, ele os convence de que não há perigo, no caso
deles, de irem para lá! Mas sempre há conseqüências para o pecado,
porque Deus é um Deus de justiça que odeia o pecado.
Em Êxodo 34.7, Deus testificou que de nenhuma maneira livrará o
culpado. Se não precisasse existir qualquer conseqüência do pecado,
Jesus nunca teria morrido numa cruz pelos pecadores. Ele mesmo o
declarou, quando clamou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este
cálice" (Mt 26.39). E, realmente, não era possível, porque a fim de que
Deus fosse justo e justificador dos ímpios, foi preciso punir os seus
pecados na pessoa de Jesus (Rm 3.25-26).
esus não é a única testemunha das conseqüências do pecado; também
o são todas as multidões que estão no inferno, sofrendo a vingança do
fogo eterno (ver Mt 10.28; 25.46; 2 Ts 1.8-9; Jd 6-7).
"Mas se eu sou redimido por Cristo", alguém poderia perguntar,
"como é que posso ser punido pelos meus pecados?" Se cremos em Jesus,
não somos propriamente punidos pelos nossos pecados; pelo contrário,
nosso Pai nos disciplina misericordiosamente a fim de que sejamos
participantes da sua santidade (Hb12.5-11). Deus ama demais a santidade
para permitir que os seus próprios filhos venham a chafurdar no pecado.
Portanto, disciplina pelo pecado é a marca registrada do amor de Deus
pelos seus filhos, e deve ser esperada sempre que pecarmos (Sl
119.67,71; Tg 5.14-15). Na verdade, se não somos disciplinados, não
somos filhos de Deus.
Fazemos bem em lembrar que o mero fato de tais castigos não serem
eternos não significa que as conseqüências do pecado sejam indolores
para os crentes. Às vezes, até um redimido tem de viver com as
conseqüências de um pecado seu pelo resto da sua vida (observe o que o
Rei Davi teve de suportar por causa do seu pecado com Bate-Seba). Isso
já é razão suficiente para não pecar. O nosso Pai não somente tem uma
equipe para afastar os nossos inimigos, mas também uma vara para
corrigir os nossos erros. Sejamos gratos a ele por isso, porque é para o
nosso bem.
Mentira Sete: Deus Não Vai Me Julgar, Porque Todo o Mundo Faz o Mesmo
O diabo, às vezes, engana-nos fazendo-nos adotar uma mentalidade
de grupo que justifica certos pecados porque a maioria das pessoas os
considera comportamento normal. Entretanto, devemos sentir medo quando
estamos seguindo a maioria. O cristianismo, pela sua própria natureza, é
uma religião de contracultura. Seguir a Cristo é como nadar contra a
correnteza. Jesus disse: "Entrem pela porta estreita, pois larga é a
porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram
por ela" (Mt 7.13-14).
ma vez, eu li um pequeno panfleto com uma história imaginária de
uma pessoa diante de Deus, desculpando-se de seus erros com o argumento
de que todo o mundo vivia da mesma maneira. Deus, então, respondeu:
"Bem, se você pecou com a maioria, você pode ir para o inferno com a
maioria". É essa resposta que podemos esperar se pautarmos a nossa vida
por semelhante filosofia destrutiva.
Mentira Oito: Deus Não Vai Me Julgar, Porque Não Sou Tão Mau Quanto os Outros
Se não racionalizarmos o nosso pecado por incluir-nos na
multidão, o diabo vai tentar nos levar a racionalizá-lo excluindo-nos da
multidão. Essa atitude era a essência do farisaísmo, e é sempre uma
ilusão fatal.
Talvez exista um pecado na sua vida que Deus queira trazer à luz,
mas você vem resistindo à convicção do Espírito, argumentando que não é
uma pessoa tão má em relação às outras. Mas esse é um pensamento
ilusório e contrário às Escrituras. Em primeiro lugar, deixa de levar em
conta que Deus não somente estabelece o padrão; ele é o padrão. "Sejam
santos, porque eu sou santo" (1 Pe 1.16). A questão não é como nos
comparamos com outras pessoas e, sim, como nos comparamos com Deus.
Segundo, deixa de levar em conta o fato de que Deus não fica
satisfeito com obediência incompleta. Deus quer tudo dos nossos
corações, tudo das nossas vidas e o mínimo possível de pecado. Quando
tentamos estabelecer meios compromissos com Deus, estamos roubando de
nós mesmos tremendas bênçãos espirituais. D.L.Moody, certa vez, ouviu um
homem dizer: "O mundo ainda não viu o que Deus pode fazer com, em e
através de um homem cujo coração esteja totalmente devotado a ele." Mas o
homem estava errado. O mundo já tinha visto homens tais como Calvino,
George Whitefield, Jonathan Edwards, McCheyne e Spurgeon. É somente
quando estivermos dispostos a nos consagrar como esses homens fizeram
que sentiremos o mesmo gosto do seu sucesso. Mas nunca o
experimentaremos enquanto nos satisfizermos a nós mesmos, avaliando-nos
pela comparação com os outros.
Mentira Nove: Deus Vai Perdoar Você, Por Isso Vá em Frente e Peque
A Bíblia fala de homens que se insinuaram na igreja, inspirados
por Satanás, para espalhar esta doutrina demoníaca. Paulo faz referência
a esses homens que dizem: "Façamos o mal, para que nos venha o bem" - e
depois acrescenta: "a condenação dos tais é merecida" (Rm 3.8). Judas
nos adverte contra aqueles que transformam a graça de Deus em
libertinagem (Jd 4). A Bíblia torna bem claro que é impossível desfrutar
o perdão e continuar vivendo no pecado.
Paulo ainda escreveu em Romanos 6.1-2: "Que diremos então?
Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós,
os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?" É
impossível porque sempre que Deus perdoa um homem, ele também transforma
a sua natureza. A graça muda de tal forma a pessoa que esta não vai
mais querer viver em pecado!
Quando uma pessoa é dominada pelo desejo de fartar-se do pecado é
uma indicação de que ela nunca nasceu de novo. Um dia, conta-se,
Spurgeon e um outro homem estavam caminhando numa rua e passaram por um
bêbado deitado na sarjeta. Disse o homem: "Ué, Sr. Spurgeon, eis aí um
dos seus convertidos!" "Deve ser mesmo um dos meus", replicou Spurgeon,
"porque de Deus com certeza não é!"
Mentira Dez: Deus Nunca Vai Perdoar Você, Por Isso Vá em Frente e Peque
Mais uma vez, vemos quão versátil é Satanás nos seus enganos. Ele
sabe que precisa preparar uma mentira apropriada para cada tipo de
pessoa. Para aquele que é inclinado ao desespero, o diabo espera por
oportunidades de assoprar nos seus ouvidos que todas as tentativas de
uma recuperação posterior serão inúteis porque ele já foi longe demais.
Tentará convencê-lo que cometeu o pecado imperdoável, que agora pode
muito bem se entregar totalmente ao pecado porque de todo jeito já está
indo para o inferno.
A verdade é que Cristo perdoará todo aquele que vem a ele. "Todo
aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais
rejeitarei" (Jo 6.37). Isso foi verdade quando nosso Senhor falou estas
palavras e ainda é verdade agora. Não permita que o diabo amplie a sua
condenação tentando-o a se abandonar totalmente ao pecado e ao
desespero. As misericórdias do Senhor duram para sempre. A porta da
graça está aberta para todos aqueles que se aproximam através de Jesus.
Conclusão
Como é que podemos derrotar as mentiras do diabo? Somente pela
Palavra de Deus. É a verdade que nos dá base sólida e que não permite
que sejamos levados por qualquer vento de doutrina. É a verdade que
santifica. É a verdade que é a mola-mestra do crescimento à maturidade
em Cristo. É a chave para derrotar o diabo.
Leitura da Bíblia, meditação e memorização da Bíblia, e
encarnação da Bíblia - experimentando as suas verdades nas nossas vidas -
são para sempre as únicas ferramentas disponíveis ao povo de Deus para
sobrepujar o inimigo. Como em todas as coisas, Jesus é o nosso modelo
para lidar com as mentiras do diabo. Quando tentado por Satanás no
deserto, ele citou as Escrituras em resposta a cada mentira (Mt 4.1-10).
"Está escrito" deve ser a nossa senha tanto quanto foi a dele.
Autor: Jeremiah Bass
www.discernimentocristao.wordpress.com
Extraído de "Heartcry", uma publicação de Life Action Ministries
(www.LifeAction.org), um ministério de avivamento e despertamento
espiritual. P.O. Box 31, Buchanan, Michigan, EUA, 49107-0031.
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br